terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Das coisas que só acontecem comigo (Parte 02)

Caminhando na rua, loura e serelepe, de cabelos escondidos num gorro, dois rapazes me param e perguntam se eu posso trocar 5 euros pra eles. Era noite. Não aconselho que façam isso em casa. (Aham)

Paro, abro minha bolsa véia, tiro minha carteira comprada em camelô e troco o dinheiro. Eles agradecem e vão embora.

Encosta um senhor do meu lado e fala:
- Que menina boa, ajudando os necessitados.
- Eu não dei o dinheiro, eu troquei.
- É uma boa ação do mesmo jeito. Ah, você é polonesa?

Nesse momento, vocês já estão com cara de oi?, eu sei. Ele andou ao meu lado o tempo todo, mesmo tendo acelerado o passo.
- Sou brasileira. (Tááá, eu e minha boca... eu tinha que ter ficado calada... eu sei, eu sei! hahaha)
- Ah, estávamos procurando uma moça como você pra nos ajudar na Grüne Woche (N.A: exposição agrícola que rolou em Berlin).
- ... (Viram? Dessa vez fiquei calada)
- Assim, uma moça bonita, jovem, pra receber as pessoas no stand, mas não achamos ninguém.
- É uma pena. Tenho que ir.

Desci na estação de metrô e sumi.

Moça jovem e bonita. Estava escuro, frio e eu estava completamente enrolada. Com certeza, ele nem olhou na minha cara. Mas, pensou logo que eu fosse polonesa... Safadinho.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Das coisas que só acontecem comigo (Parte 01)


Estou conversando com uma amiga que é cirurgiã plástica e um amigo dela. Como o assunto era cirurgias, médicos etc, chegou-se rápido ao tema silicone.

Até que o cara fala:
- No Brasil, as mulheres usam muito silicone, né?
- ... (Se ele já afirmou, vou desmentir por quê?)
Aí, ele olha para os meus seios e pergunta na cara dura:
- Você tem?
Eu rio sem graça, desejando que o pinto dele caia e respondo séria:
- São de verdade.
Viro a cara e mudo de assunto.

Depois me mostra a foto da filha de 6 meses. Acho que queria consertar.

Nota: cortar da lista de gente que conheço. O cara, não a amiga.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

É de se esperar

- que você saia pra jantar com uma boliviana que conheceu no último curso e ela diga que vá receber convidados na sua casa com uma moqueca de peixe, com direito a azeite de dendê e ainda pergunte como é mesmo que faz o pirão.
- que você limpe a casa cantarolando músicas pelos corredores. Aquelas mesmas músicas que sua mãe cantava quando ela fazia a mesma coisa.
- que você vá visitar o museu dos irmão Grimm, em Kassel, e se lembre automaticamente do conto dos cabritinhos ao ver uma gravura. O conto que sua mãe contava quando você era criança para explicar porque não podia deixar estranhos entrar em casa. Um conto esquecido na memória.
- que você sonhe todo dia com alguém ou alguma situação que só poderia acontecer no Brasil, depois de dois anos sem aparecer por lá e desde que você reservou a passagem para a próxima visita em março.
- que você se lembre que HOJE você completa três anos na Alemanha. E só depois lembra que, ah, sim, também é aniversário do seu único irmão.
- que você fale com sua tia por telefone e ela diga: "agora eu acredito mesmo que você não queira filhos, já passou dos 30."
- que muitas coisas não mudam. Nem a moqueca, nem as músicas, nem as frases de "efeito" da tia.
mas que esses três anos de Alemanha te mudaram bastante. Talvez nem você mesma saiba o quanto.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Mico com testemunha

Aí, a pessoa está num curso em plena sexta-feira de manhã e não consegue se concentrar na aula por alguns motivos:

1. A professora era chata
2. O conteúdo já era conhecido.
3. Era sexta-feira, estava fazendo sol e eu dentro de uma sala de aula.
4. Eu só pensava no marido.

Aí, pra mudar um pouco meu ânimo, resolvo escrever um SMS pra marido. Mando. Depois que eu mandei, eu vejo que não enviei pra ele!!!!!

Escrevo outro na mesma hora:
Hahahaha era pra marido. Não sou lésbica.

A pessoa que recebe me responde:
Ai, e eu já estava me sentindo.

O SMS era inocente. Não tinha putaria. Falava o óbvio: Só penso em você, estou com saudades.

E mandei pra uma mulé.

Mas, já pensou aí se eu mando pra, sei lá, o fisioterapeuta? Como explicar essa de "ah, não era pra você"? Pior: estava em alemão. Se ainda fosse em português...

Pula essa.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Das coisas que eu não entendo no inverno alemão

- Temperaturas negativas e o povo saindo pra correr no parque.
- Ventando muito e o povo andando de bicicleta.
- 0 grau e mulheres de meia-calça.
- Nevando e cachorrinhos de pelo curto na maior alegria se esparramando na neve.
- Tudo branquinho quando neva, eu lá fora e fico, do nada, com vontade de tomar sorvete.
- Temperaturas baixíssimas e homens com o casaco aberto.
- Um frio dusinfernu e gente de bom humor. o/
- Um inverno mais quente que o fim do outono.
- Tudo escuro às 16h e bom...

acho que já deu para vocês sentirem o meu frio também, né?

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

If you know what I mean

Marido morou 15 anos no Brasil. Ele fala portugûes fluentemente e lindamente com um sotaque alemão que eu acho sexy. Ok, o marido é meu, certo? hahahaha

Outro dia, conversava com uma prima pelo FB e encosta marido do meu lado. Eu odilho quando ele fica lendo as coisas que eu faço no computador, mas como era um bate-papo inocente, não me importei tanto assim.

Ele estava acompanhando nosso papo, quando ela escreve:
- Ah, aqui está tudo marrom.

E ele pergunta:
- O que ela quis dizer?

Eu:
- Ah, é um jeito de dizer que está tudo mais ou menos. Marromeno... Marrom. Entendeu?
- Ah, ok.

Depois, ela se despede:
- Bjunda!

E ele, de novo:
- O que é Bjunda?
Eu:
- Beijo na bunda.

Ele desiste, pega o banquinho e sai de fininho.

Aí eu fico pensando: 15 anos no Brasil... Quanto tempo eu vou precisar no alemão? Rá!

P.S. Provavelmente, se ele ler esse post, vai me perguntar o que eu quis dizer com "odilho". Como eu sei que ele, um dia, lerá, eu respondo: Amor, eu quis dizer "odeio", viu? :)
P.S. do P.S. Esse post foi patrocinado pelo sentimento de revanche: se seu alemão não sabe o que é Bjunda, nós não temos que saber o que significa "arschkalt", por exemplo. hahahahaha

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

E o glamour, cadê?

Na noite de réveillon, marido e eu passamos na casa de uma amiga para buscá-la. Ela mora num prédio perto da nossa casa.

Quando entramos, vimos o cachorro do vizinho do térreo do lado de fora. Como em Berlin só é permitido soltar fogos de 29.12 à 01.01, o povo exagera e a cidade parece que está em guerra civil. Pensamos que o cachorro estava do lado de fora porque estava muito assustado e, por isso, fazendo xixi por todos os cantos da casa. O que, obviamente, não justifica, né? Mais um motivo pro bichinho ficar num lugar mais confortável.

Subimos para o apartamento da amiga, tomamos um café e descemos juntos meia hora depois.

A amiga duvidou que o vizinho tivesse deixado o cachorro do lado de fora por esse motivo e tocou a campanhia. Ele abre a porta todo assustado, com a cara amassada e a roupa de dormir.

Eram 22h. Pela cara dele, parecia ter cochilado no sofá da sala com o filho, de dois anos, que saiu na porta junto a ele, com a mesma cara amassada.

O cachorro, claro, nem esperou conversa, foi a porta abrir, ele entrou.

O vizinho nem tinha percebido que o cachorro tinha ficado do lado de fora. Agradeceu várias vezes, nos desejou feliz ano novo e fechou a porta.

Aí, fiquei pensando: cadê o glamour desse povo que não está em NY ou Londres curtindo o réveillon? É claro que meu espanto tem fundamento. Afinal, era o que eu poderia esperar de um ator alemão. A sarada da Simone é mais glomourosa que ele, porque foi passar réveillon em Londres. Rá!

E a gente achando que essas estrelas vivem "estrelando" por aí, né?

P.S. Não, ao vivo, não é tão bonito quanto nas fotos, tá? Se um dia eu o vir sem camisa, julgo o resto. hahahahaha